domingo, 13 de fevereiro de 2011

♥→Banquete



Em minha vida, possibilidades, independente do tamanho, quase nunca encontram seu amanhecer. Não sei quando  comecei a parar de falar, mas fui me calando, cada dia mais, hoje me vejo refugiada de mim mesma. Quem me olha não me enxerga a não ser que me olhe  por dentro, ao avesso... é alí está a Pétala recolhida, entregue aos seus versos de escritas, compulsivas muitas vezes. A escuridão me habita por muito tempo, a luz as vezes me privilegia com a sua visita.... tal qual aquele dia lindo que me trouxe o Sol... mal conseguia encara-lo diante de tanta luz, meus olhos fechadinhos tentavam a todo custo ficar arregalados pra não perder nada do que se passava, afinal nem todo dia um rei me visita. Num misto de euforia e loucura quis servi-lo de tudo que eu tinha ... taças de afeto, bandeijas repletas de carinho, trouxe do forno ainda quentinho amor que se desmanchava em molho de paixão, quitutes  envolvidos em ternura fresquinha, corri para buscar punhados de doçura salpicada com  felicidade translúcida que brilhavam que nem purpurina espalhada ao vento... enquanto meu visitante tão ilustre saboreava o que lhe ofereci eu o olhava  com olhos de quem já estava rendida ao seu calor. Em algum momento de distração, enquanto eu o adimirava, ele pegou um cálice de ciúmes que eu havia esquecido sobre a mesa e tentando talvez dar mais sabor ao amor, saboreou seu amargo. Não sei se ele tinha se dado conta, como eu, do que tinha feito mas nesse momento tudo parou, nuvens carregadas  invadiram o ambiente fazendo com que ele se perdesse entre elas, o dia ficou cinza, trovoadas ecoaram altas e estridente cada vez mais, fomos nos afastando... Eu, incrédula, de boca semi aberta, olhos repletos de lágrimas que já me invadiam a face como ondas descontroladas, mal conseguia pronunciar alguma palavra e mais uma vez fui emudecendo, me isolando, recuando pra dentro de mim mesma. Ele se foi. A escuridão voltou a predominar  a minha volta, a saudade devorava meu  coração feito lobos atacando suas presas  e lá eu fiquei e é lá que estou.


Pétala em lágrimas


Thatiana Vaz

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