segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

♥→ Tudo nela era poesia, até suas tristezas



Ela acordou, olhos perdidos, parada naqueles minutos que pareciam intermináveis, suspensos entre algum lugar do tempo. A menina procurava por ordem naquelas imagens que povoavam sua mente, ela tinha sonhado e foi um sonho tão lindo. Ele estava lá, ela estava lá, eles estavam juntos... Lembra de ter-lhe estendidos as mãos e de ter dito que o aceitava, daquele jeitinho  mesmo, com todos os seus demônios. Não ouviu a resposta e suas mãos foram separado lentamente até o momento de agora, o despertar. De volta a realidade  ela sentiu que precisava definir prioridades, os focos, como tanto gostava de falar, mas bem, qual seria seu foco agora? Ou era isso ou era escuridão permanente, tão íntima dela, e pra lá ela não queria voltar. Pensou no que mais gostava, no que mais lhe dava prazer... ela tinha amor pelas palavras, vivia cercada delas, adorava cata-las uma a uma e juntar em frases, adorava... ela era apaixonada por imagens.... vivia entre elas... gostava de ver com a alma... de tentar capturar instantes momentozinhos de ternura... então percebeu que tudo nela era poesia, até suas tristezas e nem toda as tristezas são cinzas... porque não juntar poesia e imagem e criar seu mundinho? Do seu jeitinho, no seu mundinho??? Resolveu levantar da cama, lavar bem e demoradamente seu coração, acariciou-o com compaixão, olhou bem pra ele e disse: Caro amigo , companheiro inseparável, precisamos entrar em um acordo. A partir de hoje  continuarei carregando você comigo, sempre, porém não mais permitirei que ame, ainda estás machucado, dolorido demais, ainda vejo-o sangrar, por mais que eu esteja cuidando de você  não consigo curar suas feridas. Nesse momento seu coração contraiu-se como se sentisse mais dor, batia fraco, batia lento... Ela chorou mais uma vez diante de tanta dor, mas sua resolução estava tomada e seria mantida. Encerra-se o ciclo de amor do seu coração, não mais amará outro homem, não mais. Falava isso alto e um bolo lhe subia pela garganta como se fosse sufoca-la, precisava aguentar firme agora, era isso ou a penumbra, olhos fechados, boca serrada, coração sangrando e lágrimas na alma.
Pensou em Bukowski, em suas palavras: Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura. Ela levaria sua poesia na alma pra não se entregar a depressão.




Pétala catando seus pedacinhos



Nenhum comentário: