domingo, 21 de agosto de 2011

♥→ Elas são só coração!

Singela homenagem as essas mulheres fabulosas com mentes inquietas que me inspiram, agradeço por existirem!



...Sempre confundi a espiritualidade com um estado de bom-humor contínuo, uma expressão caridosa constante e a compaixão sempre presente. Talvez por isso, até a alegria me doesse às vezes, pois no fundo, eu queria esconder que dentro de mim havia também certo egoísmo, uma maldade latente, uma força para machucar que é nada além de uma forma humana de defender-se da ilusão de que algo possa feri-lo fundamente. Não respeitava meus instintos quando queria ser a melhor companhia para os outros o tempo todo. E errei muitas vezes na tentativa de acertar. E me feri em diversos momentos dando aquilo que eu não tinha ou queria. Sendo alguém que eu não estava...

...Como me arrependo do choro engolido, do elogio economizado, do insulto recebido sem me posicionar, da trepada sem afeto, do poema forçado, do colo que não pedi, do conselho que dei quando eu mal sabia de mim mesma, da ferida que causei por um motivo qualquer, da ferida que me fizeram e que não curei com o perdão...


(Do texto Um novo retrato 3 por 4)

Marla de Queiroz






...Como eu havia previsto, a tarde transcorreu como uma ilusão. A noite caiu como um vidro que escapa às mãos para satisfazer aos caprichos de alguma distração. Levantei os olhos para o céu como se quisesse encontrar alguma resposta ali deixada. Olhando-me sem piscar, as palavras entram em órbita dentro de sua boca, e o céu, emocionado, não foi capaz de dizer nada. Naquela noite, por alguma razão, as estrelas não tremeluziam sobre o pano negro e sem fundo do infinito. Eram apenas pontos cegos de uma trilha celestial que dava para lugar algum. Perguntei-me se eu havia perdido a noção do tempo, ou se ele teria sido tão sensível ao meu sofrimento, que não passaria por mim, assim, apenas para me recordar que a minha vida estava passando. Agradeci ao tempo pela compreensão que teve ao não condicionar-me ao relógio do mundo. E agradeci, sobretudo, o fato de ele não se limitar a pedir que ao final do expediente de cada segundo, cada minuto, cada hora e cada dia trabalhados, o relógio batesse quantativamente o seu ponto, para obrigar-me a ajustar o meu tempo interno ao da percepção do universo. Se o fizesse, certamente chegaria à conclusão de que o desperdicei para muito além do que calculo. Acabo de sair de uma dieta forçada de isolamento. E sabe o que fiz em todo esse tempo? Eu corri. Fantasiei que, se eu não olhasse para trás, que se eu corresse, que se eu não parasse de correr, que se continuasse correndo, ficaria fora de alcance o bastante para não ter que escutar os gritos surdos do passado...

(Do texto O Último sopro de agosto)


Lídia Martins




...Eu poderia ter levado o meu meio com a gente até o fim. Ter sido só começo, ali, na orla do seu amanhã que ainda tem a mesma cara de hoje e de sempre. Dosado as palavras, adoçado a poesia ao teu modo e encanto, eu poderia. Ter olhado no momento certo em que você também olhava pra si. Ter sentado, esperado, amanhecido. Ter cantado a minha vontade novamente mesmo depois de ter esquecido a letra...


(Do texto Do que passa)


Priscila Rôde






Foi quando começou a não se importar tanto de sentir tanto medo, que ouviu o convite, ainda tímido, quase sussurro, do próprio coração, esse sabedor do que, de verdade, importa:


“Volta, com medo e tudo.”

(Do texto Movimento )

Ana Jácomo

4 comentários:

Edu Lazaro disse...

Linda homenagem! Parabéns!

Lister disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
♥→ A Pétala... A Thati ♥ disse...

Pipa querida,

Meu coração se encontra como o seu, talvez ao lado do teu, nesse pântano pegajoso e frio. Tenho feito orações silenciosas por nós duas que algo nos salve, quem sabe até que nos devolva alguma esperança e se não for pedir demais um sorriso mesmo amarelado.
Ou isso ou a escuridão...

Beijos da Pétala

Thatiana Vaz

lídia martins disse...

Baixei os olhos e murmurei em silêncio, como se temesse que as paredes pudessem escutar-me, assim meio sorrindo, meio chorando...

Sabe querida...Quando escrevi o último sopro de agosto ainda tinha esperanças de que. Mas eu penso que.

Quem sabe nossas raízes decompostas não possam emergir do pântano na forma de um lírio?

Não sei você, mas eu acredito.

Aquela era página teste de quando a Pipa foi mudar o painel do blog.
Segue a certa. rs


Um beijo da Pipa.