terça-feira, 24 de maio de 2011

♥→ Florbela Espanca



Altiva e couraçada de desdém
Vivo sozinha em meu castelo, a Dor…
Debruço-me às ameias ao sol-pôr
E ponho-me a cismar não sei em quem!

Castelã da Tristeza vês alguém?!…
- E o meu olhar é interrogador…
E rio e choro! É sempre o mesmo horror
E nunca, nunca vi passar ninguém!

- Castelã da Tristeza porque choras,
Lendo toda de branco um livro d’horas
À sombra rendilhada dos vitrais?…

Castelã da Tristeza, é bem verdade,
Que a tragédia infinita é a Saudade!
Que a tragédia infinita é Nunca Mais!!




Florbela Espanca in Livro de Mágoas

Nenhum comentário: