Passamos tanto tempo em nossas vidas mendigando, implorando, desejando...
Tentando nos fazer notar,
Nos fazer merecer...
Punhadinhos de delicadezas
Restinhos de afagos
Migalhinhas de atenção
A gente se acostuma com tão pouco...
Pouco sorriso,
Pouco afeto,
Pouca ternura,
Pouca lealdade,
Pouca verdade,
Pouca fé,
Pouca educação,
Pouca singelezas,
Pouca gente querendo ser grande,
Grande aliado,
Grande amigo,
Grande coração,
Grande vontade de que a gente dê certo, que tudo nos corra bem - desejo de coração.
Tem também muita gentinha se engrandecendo a toa,
Se iludindo com material
Se cegando com o brilho do vidro
Se iludido com inverdades
Com amizades frágeis e suscetíveis a mudança dos ventos.
E quando alguém vem trazendo um pouco do seu melhor,
Um bocado da sua verdade, um tanto do seu tudo, a gente se assusta e deixamos passar muitas vezes a oportunidade da felicidade simples, aquela translúcida, real, palpável e consistente, sem percebê-la, sem se quer senti-la e ela nos caí entre os dedos, levadas pelo vento, igual areia do mar .
Porque estamos tão acostumados com os pouquinhos que quando nos vem um todo nos parece falsidade.
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